Houve um tempo em que me cansei de quase tudo o que ouvia sobre jazz. Escutava sempre as mesmas músicas e tomei a decisão difícil de apagar uma playlist gigantesca construída desde que o Spotify chegou ao Brasil. Queria começar de novo, do zero, a partir de coisas novas.
Foi assim que surgiu Jazz não tem hora, com a ideia recorrente em minhas playlists de ouvir em shuffle, justamente para o logaritmo do Spotify adaptar a experiência ao gosto do ouvinte.
Aos poucos, porém, as velhas músicas foram retornando, como parentes reconciliados após uma briga à toa. Tentei evitar alguns standards muito batidos, mas mesmos eles se apresentaram dignos de saudades e permanecem, firmes na qualidade.
Muitos podem sentir falta de alguns períodos, como os primórdios do jazz, uma paixão particular que ocupará outra playlist.
Outros vão perceber a variedade de estilos, alguns bastante incompatíveis, mas o atrito é uma das qualidades do jazz e não há a intenção de facilitar, uma vez que tudo o que está aqui é particularmente precioso, seja pela qualidade musical ou memória afetiva.
O resultado é bastante peculiar, com a característica de poder ser ouvido em qualquer momento e, muitas vezes, o improviso bate com o estado de espírito.
É por isso que o jazz não tem hora.
Comments