Da outra margem: André Siqueira visita a obra de Toninho Ferragutti
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  • Foto do escritorRanulfo Pedreiro

Da outra margem: André Siqueira visita a obra de Toninho Ferragutti

Atualizado: 29 de out. de 2021


André Siqueira e Toninho Ferragutti por Valeria Felix

O primeiro disco de André Siqueira como intérprete e arranjador acabou de sair e é dedicado à obra de Toninho Ferragutti: Da outra margem. Trata-se de mais um desafio encarado pelo compositor radicado em Londrina, de sólida carreira acadêmica, desempenhada em grande parte como professor do Curso de Música da UEL.


Transportar os recursos da sanfona de Toninho Ferragutti para o violão foi difícil por se tratar de dois instrumentos completamente diferentes na articulação e emissão do som. Os caminhos dessa ideia bem executada escondem, também, a inevitável apropriação do intérprete pelo repertório que admira, imprimindo a própria digital à obra de Ferragutti.



Ouvindo o disco, parece fácil. André Siqueira tem vocação para desnudar as melodias, ressaltando riquezas que nem sempre são aparentes. Como há uma admiração mútua e uma proximidade estética - ambos são músicos de grande técnica e talento, com experiência em diversos gêneros.


Da sanfona para o violão, a música troca de margem e descobre um universo. André não tentou reproduzir a sanfona ao pé da letra, mas encontrou soluções para que os arranjos superassem os problemas da transição. Com isso, a obra de Ferragutti ganha novas cores e texturas.



Os arranjos contornam as dificuldades como se elas não existissem, fazendo com que as músicas se aconcheguem ao violão com intimidade. Por mais difícil que o processo tenha sido, a espontaneidade prevalece, enriquecendo a interpretação.


O que também salta aos ouvidos é a qualidade de todo o processo de captação, gravação e masterização. Bom para o violão, que não consegue superar a sanfona em extensão de som e volume. Bom para a sanfona, que participa desta homenagem pelas mãos do próprio Toninho Ferragutti em três faixas inéditas: Quarentema 1, Quarentema 11 e Quarentema 19, compostas em períodos de isolamento por causa da pandemia. Outras músicas mais conhecidas, como Nem Sol nem Lua, Meia Saudade e a belíssima Sanfonema, ganharam versões irretocáveis.



Da outra margem também se destaca pelo ineditismo. As adaptações da sanfona para violão são raríssimas. No caso de Toninho Ferragutti, nunca tinham sido feitas.


“Foi um projeto muito feliz, que deu muito certo, não teve enrosco, foi fluido do começo ao fim. É uma tentativa quase alucinada de trazer o idiomatismo da sanfona para o violão. A sanfona tem tudo o que o violão não tem: sustentação, volume e articulação diferente. Trazer isso para o violão exigiu um trabalho de pensar como acordeonista e fazer com que a ressonância da sanfona adentrasse a técnica e se fizesse presente na sonoridade do violão”, comenta André Siqueira.

O resultado já ganhou elogios de quem conhece do riscado, como os violonistas Swami Jr., Paulo Bellinati e Tabajara Belo. O reconhecimento inclui André entre os pares, ou seja, os grandes nomes do violão brasileiro contemporâneo.


Serviço - Da Outra Margem - André Siqueira visita Toninho Ferragutti. CD disponível nas plataformas digitais e também com distribuição pela Tratore.



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