Promise, um alerta da banda Stiffy contra o suicidio
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  • Foto do escritorRanulfo Pedreiro

Promise, um alerta da banda Stiffy contra o suicidio

Atualizado: 13 de out. de 2021



Não conhecia a banda Stiffy até receber a indicação de um amigo e perceber que o single Promise era um alerta contra o suicídio, mas com o respiro da esperança. Sem apelar para discursos ou embarcar na estética do desespero, Promise simplesmente abre as portas ao valorizar a vida. Não há apelações, apenas a juventude pulsando em uma tarde ensolarada. Claro, tudo é muito mais complexo do que isso. Mas é um ótimo começo.


Também não se trata de um single que ignora a realidade. A sacada, aqui, é a prevenção. Para quem é tiozão, como eu, é comum pensar que o dia está brilhando lá fora e tem muita coisa para acontecer. Minha geração cresceu nas ruas, e mesmo assim, hoje enfrentamos um punhado considerável de problemas. Para quem encara a depressão, nem sempre diagnosticada, as coisas não são simples.


Confira o clipe de Promise:



O Stiffy é uma banda indie radicada em Hamburgo, na Alemanha, e tem diversas referências, uma vez que seus integrantes já viveram em diferentes países e o som não tem uma característica regional, ou seja, é amplo, acessível e variado - não que o regionalismo seja ruim, mas a proposta do Stiffy é outra. A banda quer chegar ao público por intermédio de canções que tragam novamente ao rock a capacidade de representar gerações e traduzir ansiedades. Não é fácil. Mas é preciso tentar.


Liderada por Demys (guitarra) e Skelly (voz), o Stiffy faz um pop/rock familiar aos ouvidos, mas com uma gama de recursos capazes de condensar diferentes referências. Não vou enquadrar a banda dizendo que é brit-pop-pos-new alguma coisa.


Promise é um single sentimental, sem sucumbir ao peso que o tema suscita, mas apontando soluções que podem ser decisivas em momentos de desespero. E, bem, desespero é o que não falta aos tempos que estamos vivendo.


Além de Demys (guitarra/voz) e Skelly (voz), a banda conta com o polonês Lukasz (guitarra) e o grego Jorgos (baixo). O baterista foi substituído recentemente, mas a mistura cultural continua na identidade do grupo. A banda tem um disco gravado, Fears4Sale (2018), e pretende lançar um novo álbum que chegará ao Brasil pela gravadora Selo Virtual.


Gosto do clipe de Promise e da competência da banda, que demonstra experiência, como revela a entrevista a seguir, gravada por WhatsApp direto de Hamburgo:


O som de vocês tem uma pegada anos 90, mas atualizada com os recursos contemporâneos. E também abrange diferentes estilos, como se o Stiffy concentrasse as referências em um som próprio. Como foi a construção da linguagem musical da banda?

SKELLY - Cada canção é realmente especial, como se tivesse vida. Cada canção tem a melodia exata, o som certo e o sentimento certo, que se encaixam apenas naquela canção.




A multiculturalidade da formação se reflete no processo criativo do grupo?

DEMYS - Nós dois temos muita experiência em música e influências. Eu morei em Londres por muito tempo, e no Brasil. Skelly vem dos Estados Unidos, de Albuquerque. E basicamente essa é a parte principal do processo de se escrever uma canção. Todos nós trazemos nossa própria personalidade para o som.



Qual a ligação da banda com o Brasil? Existe algum reflexo da música brasileira no Stiffy?

SKELLY - Eu acredito que realmente há influência do Brasil, da Inglaterra e da minha experiência na América (Estados Unidos).



Vocês conseguem tocar em temas sensíveis de uma forma que vai além dos clichês que o próprio rock carrega… Em Promise, por exemplo, há espaço para leveza e profundidade, sem disfarçar a relevância do assunto. Não é um equilíbrio muito fácil de se conseguir. Como é o trabalho de composição do grupo?

SKELLY - É realmente uma grande pergunta porque você sabe que há um sentido mais profundo do que parece à primeira vista. Nós não estamos escondendo nada, nós estamos falando realmente sobre suicídio. Nós estamos escrevendo sobre coisas com sentido, estamos escrevendo coisas que achamos que são importantes para nós e talvez para outras pessoas.

DEMYS - E são coisas com as quais temos experiência. Essa coisa sobre suicídio é realmente um ponto profundo em nossa vida. Não vamos entrar em detalhes, mas…

SKELLY - É uma coisa que fazemos em nossa música, nós simplesmente escrevemos sobre isso. Promise parece para nós algo para celebrar a vida, é uma verdadeira celebração.

DEMYS - Eu prometo a vocês o mundo, é o que tentamos colocar na cabeça das pessoas. Há muito para ganhar neste mundo se você seguir pelo caminho positivo, se você não desistir.

SKELLY - E mesmo que os tempos sejam difíceis, a vida é boa. É isso.



Por muito tempo o rock parecia ser o porta voz das gerações, mas hoje essa capacidade parece limitada, justamente porque nem sempre o rock trata dos temas contemporâneos com a urgência e a seriedade que eles exigem. Como romper esse estigma?

SKELLY - O rock costumava ter uma voz verdadeira. Se você pensar nas gerações passadas, como Bob Dylan…

DEMYS - John Lennon…

SKELLY - John Lennon e todos os grandes heróis do passado no rock’n’roll… Mas o que achamos é que música significa algo realmente profundo, e nós realmente sentimos isso.

DEMYS - Nós deveríamos voltar a ter esse sentido no rock, falando para diferentes gerações. A grana criou essa forma artificial. Nós queremos algo positivo, real, e que dure bastante.

SKELLY - É exatamente isso. Algo que seja palpável.



Como é produzir em tempos de pandemia? O Stiffy já voltou aos palcos? A turnê deve passar pelo Brasil?

SKELLY - A pandemia afetou todo mundo. É uma situação terrível. Aqui na Alemanha, nós supostamente deveríamos ficar em casa. Demys e eu escrevemos muitas músicas, nós trabalhamos bastante. Seguimos trabalhando e produzindo. É um tempo muito interessante para nós.

DEMYS - [Referindo-se ao estúdio] Este é o lugar onde a mágica acontece porque nós estamos juntos duas vezes por semana escrevendo, usando o computador e trazendo ideias. Então não é tão ruim para nós.

SKELLY - Não é tão ruim, mas nós não podemos tocar. Não temos shows. Não há concertos. Não podemos estar com nossos fãs. E a gente consegue perceber que eles querem mais. Estamos perdendo contato com algumas pessoas. Nós tivemos um show recentemente em Hamburgo, no começo de outubro. Foi apenas um concerto restrito, apenas para voltarmos a ter contato com os fãs. Nós queremos ir ao Brasil no ano que vem. Temos muitos planos, nós estaremos com vocês no Brasil e vamos tomar uma cerveja juntos.



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