André Siqueira interpreta Ferragutti
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  • Foto do escritorRanulfo Pedreiro

André Siqueira interpreta Ferragutti

Violonista londrinense abre campanha de financiamento coletivo para lançar disco dedicado às obras do sanfoneiro Toninho Ferragutti



André Siqueira e Toninho Ferragutti no projeto #circulasons, em Londrina (crédito: Valeria Felix/circulasons)

Foi por volta de 1996 que o violonista André Siqueira, então com cerca de 20 anos, conheceu a obra de Toninho Ferragutti, espalhada por discos e palcos devido à sanfona farta e melódica, rica em recursos e de linguagem rara, capaz de unir o universo rural à metrópole paulistana. Como produtor, compositor, instrumentista e arranjador, Toninho Ferragutti já apresentava um trabalho fértil ao lado de Ná Ozzetti, Mônica Salmaso ou da Orquestra Popular de Câmara, entre outros artistas.


Agora o sanfoneiro vai ganhar um disco interpretado pelo violonista. Professor do Curso de Música da UEL, compositor e arranjador, André Siqueira prepara um álbum de violão solo com participação do próprio Ferragutti em algumas faixas. O projeto, com o título Da Outra Margem, está com uma campanha de financiamento coletivo aberta no Kickante (www.kickante.com.br/campanhas/da-outra-margem). Quem contribuir vai receber o disco e outras contrapartidas como cursos, workshops e agradecimentos públicos. “Eu acredito muito no financiamento coletivo porque você envolve o seu público. As pessoas têm a oportunidade de contribuir para colocar o trabalho no mundo. Todos podem ser mecenas”, comenta André Siqueira.





A amizade com Toninho Ferragutti começou quando ambos participaram do disco Titane canta Elomar, lançado pela cantora mineira em 2018. “Ficamos muito amigos, temos uma afinidade muito grande. Depois o Toninho veio dar aulas no Festival de Música de Londrina e a gente fez um show no Valentino. Desde então, sempre que podemos, fazemos alguma coisa juntos”, destaca o violonista.


O nome do disco, Da Outra Margem, representa a capacidade de um compositor interpretar o outro. Por gostar das músicas de Toninho Ferragutti, André Siqueira acabou adaptando várias ao violão. “Quando você muda de meio, precisa fazer uma série de ajustes, pois são instrumentos muito diferentes. Foi um aprendizado gigante. Tive que mudar minha técnica para tocar. Mas o que me move é o desafio”, argumenta. Mas a afinidade falou mais alto e as músicas tornaram-se prazerosas de tocar: “É como se fossem minhas. Talvez o Toninho Ferragutti seja uma influência no violão e eu ainda não tinha percebido. A música dele soa muito natural”, destaca.


Por conta da pandemia, Toninho Ferragutti trancou-se em casa e passou a compor com uma frequência ainda maior, chamando as novas obras de Quarentemas. Uma delas, a de número 18, é inédita e estará no disco de André Siqueira. Outras obras mais conhecidas, como Sanfonema e Nem Sol, Nem Lua, também estão no repertório. “André Siqueira é um baita músico, com uma formação que vem se solidificando. Fico feliz e emocionado por ele me escolher, isso joga luz no trabalho da gente e a música passa a circular com outros instrumentistas”, comenta Ferragutti.


As transcrições conferem novas perspectivas às obras, estabelecendo um diálogo criativo com a sanfona: “O André é perseverante e tem um zelo muito grande, trabalha de forma aprofundada, traz uma outra abordagem. Você vê a sua música de maneira diferente”, acrescenta Ferragutti, para quem a música é também um modo de lidar com as mudanças impostas pela pandemia: “A composição para mim é quase uma terapia. Estamos em um momento muito difícil e a música é uma das ferramentas que a gente lança mão para passar por tudo isso de uma forma mais tranquila, como um afago na alma”.


Próximos projetos

Aos 30 anos de carreira, André Siqueira vem trabalhando incansavelmente. Foi indicado, pelo quarto ano consecutivo, ao Prêmio Profissionais da Música e é finalista nas categorias Melhor Autor de Música Instrumental e Melhor Intérprete de Música Instrumental. Ao lado do percussionista André Vercelino, foi contemplado com o edital Respirarte, da Funarte, com três músicas próprias: Moçambique, Frevo e Amendoim na Chuva.


Recentemente, André Siqueira passou a dar aulas de arranjo em lives gratuitas no Instagram (@andrersiqueira) toda quarta-feira, a partir das 10hs, dentro do projeto de extensão da UEL Cordas Brasileiras. “Tive minha formação toda em escolas públicas, e tinha que disponibilizar isso gratuitamente para as pessoas”, reforça.


Os projetos não param. O duo Tambor de Corda, com André Vercelino, deve ganhar um disco em breve. Siqueira também está produzindo outro disco ao lado de Toninho Ferragutti, dedicado à obra do compositor Garoto. Com a cantora Natália Lepri, André toca violão e viola em mais um álbum que deve sair em breve. Ou seja, além do disco Da Outra Margem, o violonista tem outros três álbuns engatilhados para 2022.


(Ranulfo Pedreiro - publicado originalmente na Folha de Londrina em 18/02/2021)


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