Eu não conhecia o trabalho de Mariana Zwarg, muito menos com o Sexteto Universal. Mas o nome, inconfundível, remete à família de músicos ligada a questões ambientais. Minha referência era Itiberê Zwarg, contrabaixista do grupo de Hermeto Pascoal há décadas, arranjador e compositor.
Mas Itiberê é da segunda geração de músicos da família que veio da Alemanha ainda no século XIX, filho de Antônio Bruno da Rocha Zwarg. Mariana é filha de Itiberê e afilhada de Hermeto Pascoal, o que nos confere referências musicais de peso.
Essa história fica ainda mais bacana. Mariana é flautista, saxofonista, compositora e arranjadora. E foi, inspirada pela música universal do padrinho, formando um grupo com músicos de países diferentes.
O Mariana Zwarg Sexteto Universal conta com Mette Nadja Hansen (Dinamarca), na voz e percussão; Johannes von Ballestrem (Alemanha), no piano; Ricardo Sá Reston (Brasil), no baixo; Pierre Chastel (França), na bateria e percussão; e Sami Kontola (Finlândia/Brasil) na percussão.
A ideia é justamente misturar a cultura desse povo todo, com muita criatividade, improviso e dedicação, pois a liberdade precisa ser sustentada pelo conhecimento, pela expertise, pelo convívio, pela capacidade expressiva. São, portanto, músicos que se arriscam e, por isso, precisam de bases teórica e prática sólidas.
Pode-se pensar em uma música cerebral, com o freio de mão puxado. Ocorre o contrário, eles conquistam uma fluência típica do vocabulário de Hermeto, que não é exatamente fácil, mas acessível e bom de ouvir.
O Mariana Zwarg Sexteto Universal já excursionou bastante pelo Brasil e Europa. Em 2019, o grupo reuniu-se na Alemanha para gravar o primeiro disco, Nascentes, com músicas de Mariana, a grande maioria, além de Itiberê e Hermeto. Para que os dois participassem, também fizeram algumas sessões no Rio de Janeiro.
Agora o grupo vem divulgando aos poucos esse trabalho, que ainda não foi lançado. O primeiro single foi Pra Ele, composição instrumental de Mariana Zwarg, lançada nas plataformas digitais em 31 de julho. No vídeo, percebe-se a empatia mútua, fundamental para um projeto como esse, o que não ameniza a pegada forte, sem chances para vacilos.
O segundo single lançado é Avedøre, em homenagem à família da cantora dinamarquesa Mette Nadja Hansen, e faz referência à sua cidade natal, perto de Copenhague, onde ocorre o Copenhagen Jazz Festival. Segundo Mariana, é um samba inspirado em amor e alegria. A faixa conta justamente com a participação de Itiberê Zwarg e Hermeto Pascoal.
A Máquina do Som vai acompanhar o trabalho do Mariana Zwarg Sexteto Universal com olhos e ouvidos atentos para os próximos lançamentos. Não vamos perder essas nascentes.
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